segunda-feira, maio 31, 2010

Somos todos cobaias do mercado tecnológico

Um dos ministros do Governo da Malásia defendeu uma empresa indiana que pretende se instalar em seu estado implantando um laboratório de testes em animais com fins médicos. Ao defender tal postura o ministro afirmou que "Deus criou os macacos e ratos para que os humanos façam experiências com eles, já que não se pode testar em humanos".

Parece lógico mas é absurdo, o tal ministro coloca o carro na frente dos bois equivocando-se de maneira séria a respeito do assunto, colocando Deus em pauta ele dá mais argumentos para os ativistas pelos direitos dos animais que já começaram a organizar um boicote contra a instalação do laboratório. Ratos e macacos surgiram na terra muito antes dos seres humanos e o motivo de sua existência filosoficamente falando, cabe a eles decidirem.

Por esta lógica que contrapõe o argumento teológico então só podem ser usados em testes aqueles que optarem por ser cobaias, certo? Não exatamente, o certo é que provavelmente os ratos e os macacos não tenham certeza que nasceram para serem cobaias mesmo que vivam dentro de um laboratório. Assim como nós seres humanos não temos consciência de que grande parte dos alimentos que consumimos e que são comprados no supermercado estão sendo testados em nós.

Somos então cobaias voluntárias? De modo algum, apenas não temos a consciência de que somos cobaias. Veja o caso dos alimentos transgênicos, eles são testados diretamente na mesa do consumidor, assim como todos os alimentos industrializados. Telefones celulares e computadores são outros bons exemplos de produtos dos quais somos cobaias inconscientes. Todos estes produtos são liberados para o consumo muito antes de que testes não contestáveis possam ser feitos nos mesmos.

Os planos da Vivo Biotech Ltd de se instalar na Malásia para maltratar bichinhos não é absolutamente nada de diferente do que estamos acostumados a fazer com nós mesmos. As nossas cobaias recebem o tratamento na mesma lógica que os seres humanos recebem de si mesmos. Então qual é o problema?

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