Thomas Perls não tem dúvidas: mal as empresas vejam o que descobriram, demorará pouco tempo até que um teste chegue ao mercado, diz ao i. O investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston é um dos co-autores de um estudo onde são revelados marcadores genéticos associados à longevidade, com uma eficácia de 77% na previsão de quem pode viver além dos 100 anos confirmada numa população de mais de mil centenários.
O trabalho foi publicado ontem na edição online da revista científica "Science" e, além do modelo que permitirá prever quem pode viver para lá dos 100 anos, apresenta também diferentes perfis de centenários que, baseados na genética, poderão revelar uma maior ou menor susceptibilidade a doenças relacionadas com a idade.
Os cientistas partiram do principio que, no que diz respeito a atingir a esperança média de vida nos países desenvolvidos - que actualmente varia entre os 80 e os 85 anos e, em Portugal, fixa-se nos 78,8 anos para ambos os sexos - a genética tem um peso entre 20% e 30%. Já, para quem vive 10 a 30 anos para lá dessa barreira simbólica, estima-se que o peso seja maior, embora ainda não haja dados concretos. Neste novo estudo, a equipa norte-americana foi à procura das marcas genéticas por detrás daquilo que designam por "longevidade excepcional", para tentar desenhar um modelo preditivo.
Nos últimos dois anos, o trabalho destes cientistas passou para um estudo de associação genómica em que participaram 1055 centenários e 1267 indivíduos de controlo, não necessariamente ligados a famílias, em que as gerações anteriores tivessem vivido para lá dos 100 anos. O objectivo desde tipo de análise é comparar os marcadores genéticos de pessoas com uma mesma condição ou sintoma - neste caso a longevidade - e perceber os pontos em comum no ADN.
Os resultados satisfizeram os cientistas: a amostra permitiu construir um modelo genético de 150 marcadores de variações no ADN (polimorfismos de nucleótido simples - SNP), que são consistentes com uma "longevidade excepcional" e, segundo o estudo, permitirão revelar um potencial centenário com um rigor de 77%, ou seja, poderão "determinar com sucesso 77 casos em 100", explica Perls. Outra análise permitiu distribuir 90% dos centenários estudados em 19 grupos com diferentes "assinaturas genéticas" - combinações de variações - que sugerem diferentes tipos de perfil de centenário, por exemplo em relação à prevalência e início de aparecimento de doenças associada à idade como demência, hipertensão e problemas cardiovasculares. Também estes resultados poderão ser usados em futuros testes preditivos. Durante o trabalho, e com a população de controlo, foi possível perceber que 15% tem potencial para chegar aos 100 anos, embora os cientistas admitam que a previsão ainda não é perfeita, nem pode ser extrapolada.
"Precisamos de continuar a trabalhar na identificação destes marcadores, para perceber que genes e caminhos biológicos estão envolvidos", diz Perls. Quanto à hipótese de estes testes se tornarem de facto uma realidade - algo que acredita que pode acontecer "muito em breve" -, defende que é preciso haver algum debate sobre o "uso que se poderá dar a esta informação." Ainda assim, fala-se de na possibilidade de disponibilizar uma ferramenta online para as pessoas poderem perceber se encaixam no perfil de centenário.
http://www.ionline.pt/conteudo/67412-quer-saber-se-vai-viver-la-dos-100-anos-ha-um-teste-genetico-caminho
O trabalho foi publicado ontem na edição online da revista científica "Science" e, além do modelo que permitirá prever quem pode viver para lá dos 100 anos, apresenta também diferentes perfis de centenários que, baseados na genética, poderão revelar uma maior ou menor susceptibilidade a doenças relacionadas com a idade.
Os cientistas partiram do principio que, no que diz respeito a atingir a esperança média de vida nos países desenvolvidos - que actualmente varia entre os 80 e os 85 anos e, em Portugal, fixa-se nos 78,8 anos para ambos os sexos - a genética tem um peso entre 20% e 30%. Já, para quem vive 10 a 30 anos para lá dessa barreira simbólica, estima-se que o peso seja maior, embora ainda não haja dados concretos. Neste novo estudo, a equipa norte-americana foi à procura das marcas genéticas por detrás daquilo que designam por "longevidade excepcional", para tentar desenhar um modelo preditivo.
Nos últimos dois anos, o trabalho destes cientistas passou para um estudo de associação genómica em que participaram 1055 centenários e 1267 indivíduos de controlo, não necessariamente ligados a famílias, em que as gerações anteriores tivessem vivido para lá dos 100 anos. O objectivo desde tipo de análise é comparar os marcadores genéticos de pessoas com uma mesma condição ou sintoma - neste caso a longevidade - e perceber os pontos em comum no ADN.
Os resultados satisfizeram os cientistas: a amostra permitiu construir um modelo genético de 150 marcadores de variações no ADN (polimorfismos de nucleótido simples - SNP), que são consistentes com uma "longevidade excepcional" e, segundo o estudo, permitirão revelar um potencial centenário com um rigor de 77%, ou seja, poderão "determinar com sucesso 77 casos em 100", explica Perls. Outra análise permitiu distribuir 90% dos centenários estudados em 19 grupos com diferentes "assinaturas genéticas" - combinações de variações - que sugerem diferentes tipos de perfil de centenário, por exemplo em relação à prevalência e início de aparecimento de doenças associada à idade como demência, hipertensão e problemas cardiovasculares. Também estes resultados poderão ser usados em futuros testes preditivos. Durante o trabalho, e com a população de controlo, foi possível perceber que 15% tem potencial para chegar aos 100 anos, embora os cientistas admitam que a previsão ainda não é perfeita, nem pode ser extrapolada.
"Precisamos de continuar a trabalhar na identificação destes marcadores, para perceber que genes e caminhos biológicos estão envolvidos", diz Perls. Quanto à hipótese de estes testes se tornarem de facto uma realidade - algo que acredita que pode acontecer "muito em breve" -, defende que é preciso haver algum debate sobre o "uso que se poderá dar a esta informação." Ainda assim, fala-se de na possibilidade de disponibilizar uma ferramenta online para as pessoas poderem perceber se encaixam no perfil de centenário.
http://www.ionline.pt/conteudo/67412-quer-saber-se-vai-viver-la-dos-100-anos-ha-um-teste-genetico-caminho
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