Os cientistas mostraram pela primeira vez que as alterações climáticas de pequena escala são causa direta da alteração do ciclo de vida de pelo menos uma espécie de borboleta nativa do continente australiano. A descoberta é simbólica, porém de grande relevância devido aos holofotes que pairam sobre as mudanças climáticas. Os pesquisadores constataram que, devido ao aumento da temperatura, a borboleta comum marrom agora emerge de seu casulo 10 dias mais cedo do que há 65 anos atrás.
"Este é o primeiro estudo na Austrália, e um dos primeiros estudos em todo o mundo, que ligou as alterações de um sistema natural com as alterações climáticas regionais. Além disso, mostrou que a mudança da temperatura regional do entorno de Melbourne é causada pelo aumento dos gases estufa na atmosfera," disse um dos autores do estudo, David Karoly, da Universidade de Melbourne.
Até agora, os estudos só haviam sido capazes de demonstrar evidências indiretas entre as alterações climáticas e as mudanças observadas na flora e fauna. Costuma ser difícil provar que as mudanças climáticas causadas pelo homem são a causa direta de tais mudanças, por isso a tal borboletinha é tão importante. A borboleta vive ao redor de Melbourne, ao longo dos últimos 65 anos ela é observada surgindo junto ao início da primavera. A temperatura média de Melbourne foi ficando mais quente ao longo desse tempo, o calor pode estar acelerando o ciclo de vida do inseto... ou não?
Para determinar se as duas mudanças estavam mesmo relacionadas, Dr. Kearney mediu o quão rápido um grupo de lagartas da borboleta marrom se desenvolvia em diferente temperaturas em seu laboratório. Comparou então os seus experimentos em laboratório com registros de temperatura da cidade de Melbourne ao longo dos últimos 65 anos e concluiu que o aumento médio de 1ºC (Celsius) foi o suficiente para acelerar o ciclo de vida em 10 dias. Com o apoio do climatologista, Dr. Karoly, que confirma que o aumento de cerca de 1 grau na temperatura de Melbourne desde 1944 não está dentro do intervalo esperado de variabilidade natural do clima.
Usando vários modelos climáticos para comprovar esta tese, ele afirma que o aumento da temperatura só se explica quando são adicionados gases do efeito-estufa aos modelos e que essa é a melhor explicação para o aumento da temperatura e a consequente mudança no ciclo de vida da borboleta. Dr. Kearney também afirma que a culpa é do homem, e que a mudança climática provavelmente teve um efeito similar sobre outras espécies de borboletas da região.
Fonte: NICKY PHILLIPS; SMH, AU.
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