"Nós certamente podemos reduzir nossa produção de gases estufa, mas não por consumir menos carne e leite", Frank Mitloehner, um especialista em qualidade do ar na Universidade de Davis, na Califórnia. Ele acaba de divulgar um relatório sobre o consumo de carne e as alterações climáticas em uma conferência da American Chemical Society, na Califórnia.
Culpar vacas e porcos pelas mudanças climáticas é cientificamente impreciso, e perigoso. O relatório da ONU "Livestock's Long Shadow", acusa o gado de ser a maior causa do efeito-estufa antropogênico, mais do que todos os meios de transporte juntos. Isso apenas desvia a discussão das verdadeiras questões que estão envolvidas no tema das mudanças climáticas.
A noção de que comer menos carne vai ajudar a combater a mudança climática gerou campanhas para "segundas-feiras sem carne" e uma campanha européia, lançada no final do ano passado, chamada "Menos Carne, menos calor", onde até Paul McCartney (quem?) participou.
"McCartney e outros parecem ser bem-intencionados, mas não estão bem-educados sobre as relações complexas entre atividades humanas, digestão dos animais, produção de alimentos e a química da atmosfera. Produzir menos carne e leite só vai significar mais fome em países pobres" disse o Sr. Mitloehner. Ao invés de focar na produção e comer menos carne, o Sr. Mitloehner disse que os países devem centrar-se em reduzir o petróleo e o carvão utilizados pra produção de eletricidade e como combustível de veículos.
Nos Estados Unidos, o transporte é responsável por 26% de todas as emissões de gases-estufa, ao passo que a criação de gado e suínos, representa menos de 3%. O relatório da ONU, publicado em 2006, disse que a pecuária global foi responsável por 18% das emissões de gases estufa emitidos no mundo, o relatório não levou em conta a expansão industrial. Portanto, se você estava pensando em virar vegetariano só pra salvar o planeta, vá numa churrascaria.
1 Comentários sobre esta postagem::
Acho que esse post não foi a fundo no problema da carne. O efeito da criação de gado nos EUA é uma coisa, no Brasil é outra.
Aqui o avanço da fronteira agrícola sobre as áreas de vegetação nativa, para expansão do gado e soja (exportada para virar ração animal) somadas à emissões vinculadas à insumos agrícolas estão sendo responsáveis por 30% de nossas emissões anuais.
"Os GEE das florestas e agricultura somam 30% das emissões anuais totais, com o desmatamento e a degradação florestal respondendo por 17,4%, segundo dados da FAO. A agricultura responde ainda por 50% das emissões mundiais de metano, vindas dos rebanhos de animais e plantações de arroz"
fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/negocios/agricultura
Não podemos esquecer também que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta. Seguem dados do Min. da Agricultura:
"Segundo o Ministério da Agricultura, até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carnes suprirá 44,5% do mercado mundial. Já a carne de frango terá 48,1% das exportações mundiais e a participação da carne suína será de 14,2%.
Essas estimativas indicam que o Brasil pode manter posição de primeiro exportador mundial de carnes bovina e de frango.
http://www.agricultura.gov.br/animal/exportacao"
Temos uma demanda de mercado mundial grande para consumo de carne, e ecossistemas cedendo espaço diariamente para a agricultura.
Comer menos carne tem sim efeito, e substancial. Mesmo que não vá resolver o aquecimento global, é uma parte importante do problema e é um passo que PRECISA ser tomado.
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