Pesquisadores descobriram evidências que hominídeos - ancestrais dos seres humanos mais primitivos - usavam ferramentas de pedra para cortar carne há mais de 3,2 milhões de anos.
A descoberta sugere que o uso de ferramentas e o consumo de carne por hominídeos aconteceram 800 mil anos antes do que se imaginava. Ossos encontrados na Etiópia mostram cortes com pedra e indicações de que o tutano foi retirado forçosamente.
A pesquisa, publicada na revista científica Nature, desafia várias teorias sobre o comportamento dos ancestrais dos homens. A ferramenta mais antiga conhecida por arqueólogos até então foi encontrada na região de Gona, também na Etiópia.
Até então, os cientistas acreditavam que os primeiros ancestrais humanos a usarem ferramentas eram do gênero Homo, o mesmo gênero da espécie atual de humanos, Homo Sapiens. Isso teria ocorrido há 2,5 milhões de anos.
A nova descoberta, na região etíope de Dikika, indica que as ferramentas já eram usadas entre 3,2 milhões e 3,4 milhões de anos atrás. A data das ferramentas foi determinada com análises de rochas vulcânicas no local.
Uma bateria de exames mostrou que cortes e arranhões foram feitos nos ossos antes de eles se fossilizarem. Uma das análises mostrou inclusive que havia pedaços de rochas nos ossos.
A única espécie de hominídeos da região de Dikika conhecida pelos cientistas é a Australopithecus afarensis, que ficou famosa após a descoberta do fóssil chamado de "Lucy". O gênero seria o ancestral do Homo, segundo uma hipótese.
Um dos autores do estudo publicado na Nature, Zeresenay Alemseged, paleoantropólogo do instituto de pesquisa americano California Academy of Sciences disse que a descoberta representa uma reviravolta no que se sabe sobre o gênero A. afarensis.
"Por 30 anos, ninguém conseguiu colocar ferramentas de pedra nas suas mãos, e nós fizemos isso pela primeira vez", disse Alemseged à BBC.
"Nós estamos mostrando pela primeira vez que ferramentas de ossos não são exclusivas dos Homo ou espécies relacionadas aos Homo. Temos um A. afarensis se comportando como um Homo tanto com uso de ferramentas como consumo de carne. Isso é outra característica do Homo que pode servir como elo entre o A. afarensis e o gênero Homo."
No entanto, as conclusões do estudo são baseadas em um pequeno número de ossos. Não há comprovação de que os A. afarensis fizeram a ferramenta usando pedaços maiores de rochas, ou simplesmente usaram algumas pedras afiadas que eles encontraram.
Alemseged and Shannon McPherron, um arqueólogo do instituto Max Planck de Leipzig, na Alemanha, afirmam que a próxima tarefa dos cientistas é voltar ao local e continuar procurando indícios.
"É sempre difícil atribuir um comportamento a um hominídeo em particular", disse McPherron à BBC. "Nós nunca temos a sorte de achar um hominídeo morto com a ferramenta na sua mão."
O cientista Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, alerta que é preciso ter cautela antes de se tirar conclusões mais definitivas. "Nós precisamos ter cautela, porque são apenas alguns ossos com algumas marcas neles. Se gostaria de poder associá-los a ferramentas, para realmente termos um caso concreto", disse Stringer à BBC.
Ele reconhece que caso a pesquisa se comprove fundamentada, o estudo traz uma grande inovação à ciência. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Fonte: Estadão
A descoberta sugere que o uso de ferramentas e o consumo de carne por hominídeos aconteceram 800 mil anos antes do que se imaginava. Ossos encontrados na Etiópia mostram cortes com pedra e indicações de que o tutano foi retirado forçosamente.
A pesquisa, publicada na revista científica Nature, desafia várias teorias sobre o comportamento dos ancestrais dos homens. A ferramenta mais antiga conhecida por arqueólogos até então foi encontrada na região de Gona, também na Etiópia.
Até então, os cientistas acreditavam que os primeiros ancestrais humanos a usarem ferramentas eram do gênero Homo, o mesmo gênero da espécie atual de humanos, Homo Sapiens. Isso teria ocorrido há 2,5 milhões de anos.
A nova descoberta, na região etíope de Dikika, indica que as ferramentas já eram usadas entre 3,2 milhões e 3,4 milhões de anos atrás. A data das ferramentas foi determinada com análises de rochas vulcânicas no local.
Uma bateria de exames mostrou que cortes e arranhões foram feitos nos ossos antes de eles se fossilizarem. Uma das análises mostrou inclusive que havia pedaços de rochas nos ossos.
A única espécie de hominídeos da região de Dikika conhecida pelos cientistas é a Australopithecus afarensis, que ficou famosa após a descoberta do fóssil chamado de "Lucy". O gênero seria o ancestral do Homo, segundo uma hipótese.
Um dos autores do estudo publicado na Nature, Zeresenay Alemseged, paleoantropólogo do instituto de pesquisa americano California Academy of Sciences disse que a descoberta representa uma reviravolta no que se sabe sobre o gênero A. afarensis.
"Por 30 anos, ninguém conseguiu colocar ferramentas de pedra nas suas mãos, e nós fizemos isso pela primeira vez", disse Alemseged à BBC.
"Nós estamos mostrando pela primeira vez que ferramentas de ossos não são exclusivas dos Homo ou espécies relacionadas aos Homo. Temos um A. afarensis se comportando como um Homo tanto com uso de ferramentas como consumo de carne. Isso é outra característica do Homo que pode servir como elo entre o A. afarensis e o gênero Homo."
No entanto, as conclusões do estudo são baseadas em um pequeno número de ossos. Não há comprovação de que os A. afarensis fizeram a ferramenta usando pedaços maiores de rochas, ou simplesmente usaram algumas pedras afiadas que eles encontraram.
Alemseged and Shannon McPherron, um arqueólogo do instituto Max Planck de Leipzig, na Alemanha, afirmam que a próxima tarefa dos cientistas é voltar ao local e continuar procurando indícios.
"É sempre difícil atribuir um comportamento a um hominídeo em particular", disse McPherron à BBC. "Nós nunca temos a sorte de achar um hominídeo morto com a ferramenta na sua mão."
O cientista Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, alerta que é preciso ter cautela antes de se tirar conclusões mais definitivas. "Nós precisamos ter cautela, porque são apenas alguns ossos com algumas marcas neles. Se gostaria de poder associá-los a ferramentas, para realmente termos um caso concreto", disse Stringer à BBC.
Ele reconhece que caso a pesquisa se comprove fundamentada, o estudo traz uma grande inovação à ciência. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Fonte: Estadão
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