O interesse pela "inovação verde" não significa apenas pensar grande, mas também pensar pequeno. Neste caso, pensar muito, muito, mas muito pequeno mesmo. Pelo menos essa é a maneira que a Química Omowunmi Sadik, diretora do Centro de sensores e sistemas ambientais da Binghamton University pensa. Ela está trabalhando para desenvolver sensores que detectam e identificam as nanopartículas. Sua pesquisa permitirá uma melhor compreensão dos riscos associados com a liberação dessas partículas no ambiente, bem como as reações químicas que podem ocorrer nelas.
"A sociedade tem o dever de considerar não apenas os aspectos positivos da ciência e da tecnologia, mas também o lado não-tão-desejável-assim da tecnologia", afirmou Sadik. "Nós precisamos pensar no impacto que as nanopartículas podem causar ao ambiente e a saúde humana", complementa.
Uma pesquisa realizada recentemente por nanotecnólogos, descobriu que as nanopartículas - partículas menores que 100 nanômetros de tamanho - são usadas em mais de 1.000 produtos de consumo. Estes produtos são os mais variados possíveis, indo de carros até alimentos.
Nanopartículas de prata são amplamente utilizadas como materiais de revestimento de panelas e utensílios domésticos. Outras estão presentes na fórmula de muitos produtos de limpeza, além é claro, de alimentos industrializados e agrotóxicos. Todos esses produtos acabam se acumulando em nossos corpos e em nossos sistemas hídricos.
Pouco se sabe sobre como as nanopartículas de engenharia interagem com o meio-ambiente, algumas poucas são toxinas já bastante conhecidas sendo que algumas possuem propriedades nocivas semelhantes do amianto. É difícil, se não for impossível, controlá-las. As técnicas atuais contam com microscópios enormes para identificar as nanopartículas, mas estes dispositivos não são nada portáteis e não fornecem informações sobre a toxicidade dos materiais.
Sadik e um colega da Binghamton, Dr. Howard Wang, receberam financiamento da Agência de Proteção Ambiental Britânica para projetar, criar e testar sensores que monitorem nanopartículas. "Precisamos compreender a transformação química destes materiais nos ecossistemas, assim poderemos tomar medidas que evitem exposições desnecessárias", afirmaram.
Com este financiamento já criou-se uma membrana que é capaz de prender vários tipos de nanopartículas e logo após gerar um sinal, para que as mesmas possam ser identificadas. É usada a ciclodextrina como princípio ativo da tal membrana. A estrutura molecular desta molécula faz com que ela atue como sensor, além de limpar o ambiente de alguns tipos de nanopartículas.
Tais descobertas fizeram Sadik acreditar que a nanotecnologia pode também revelar-se útil na remediação de poluentes ambientais. "Nós queremos ser capazes de desenvolver nanomateriais, evitando as conseqüências não intencionais de tais desenvolvimentos. Não queremos parar o desenvolvimento e sim incentivar a responsabilidade."
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